Maria nasceu no estado da Paraíba, na cidade de Desterro, do alto sertão nordestino. Em sua terra natal, nunca tinha tido contato com aparelhos eletrônicos, portanto, não sabia usar eletrodomésticos, como aspirador e cafeteira. Filha mais velha, recebia a tarefa de cuidar da casa. Trabalhava desde os quatro anos de idade. Saiu de casa motivada por um desentendimento com o pai que lhe disse: "Vai com Deus". Nunca esqueceu a fala do pai. Tinha apenas oito anos na época. Apesar de não ter tido a oportunidade de freqüentar uma escola, Maria afirma que os pais lhe deram as bases de sua educação pois ela e os irmãos sabiam falar e respeitar os outros.
Em função da seca, viva uma condição de pobreza muito grande. Uma tia que morava no Rio de Janeiro deu dinheiro para ela viajar até a capital carioca. Na época, Maria tinha 22 anos. A tia morava com os filhos em uma favela em Bonsucesso. No primeiro trabalho no Rio, suportou o assédio sexual do patrão. Ao comentr o caso com a irmã, esta afirmou que aquilo não passava de um teste. Pediu demissão. Já a outra patroa que teve, a ensinou muito, mas também a explorou bastante. Ela não esqueceu as coisas boas e ruins que aconteceram ao longo da sua vida. Por isso, guardou o comentário de uma de suas patroas que lhe disse: "O que alguém que trabalha em serviço doméstico vai aprender na escola? A única coisa que essas moças que querem estudar vão aprender é coisa que não presta..."
Em razão desses acontecimentos, desenvolveu um complexo de inferioridade que só foi superado pelo apoio e incentivo que recebeu da irmã, que morava em Salvador. O complexo vinha, sobretudo, porque não sabia ler e escrever. Isto lhe desestimulava, lhe tirava a coragem de querer alguma coisa melhor na vida. No entanto, a maioria das escolas que procurou só aceitava pessoas com a idade dela alfabetizadas. Tratava muito mal os alunos os alunos que tinham dificuldade de aprender. Entretanto, no Colégio Nossa Senhora do Líbano, a professora teve paciência e conseguiu ensiná-la a ler e escrever, além de etiqueta. Em 1997, aos 44 anos teve contato com o Teatro do Oprimido na escola que estudava.
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