domingo, 29 de novembro de 2009

Arte e Diversidade Popular nos Mosaicos da Lapa

Em fevereiro de 2009, alunos da ONG Cinema Nosso produziram um curta-documentário retratando o universo artístico e cultural do famoso bairro da boemia carioca. Tendo como foco a arte da Escadaria do Convento de Santa Teresa, feita pelo chileno Jorge Selarón, o documentário faz uma ponte entre a diversidade de frequentadores da Lapa e os degraus ladrilhados da Rua Manuel Carneiro. Do povo para o povo, arte, história e cultura.
Direção e Roteiro: Ana Leticia Ribeiro e Mariana Lins. Câmera: Fagner Mota e Reginaldo Cerqueira. Som Direto: Pedro Amaro. Edição: Eliesér Jairo.

Confira:

Ler devia ser proibido

A loucura do mundo

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Norbert Elias - Mozart - Sociologia de um gênio

Médico com uma brilhante escrita, Norbert Elias traçou um perfil sociológico que permite entender a genialidade de Mozart. A música era tão vital na vida do artista, que Elias cita uma fala reveladora sobre o sofrimento e angústia por que passou o músico:

“Pouco antes de morrer, quando sua situação já era desesperadora, escreve: ‘Ainda estou trabalhando, porque sinto que compor me cansa menos do que descansar.”

Mário de Andrade - Amar, verbo intransitivo

Com sua escrita considerada "errada" pelos mais puritanos, Amar, verbo intransitivo é um dos livros mais líricos que já li. A obra narra a história de Fräulein Elza, mulher madura que se encarrega de ensinar as "coisas do amor" aos mais jovens.

“Segunda e mais forte razão: Afirmarem que Fraülein não concorda consigo mesma... Mas eu só queria saber neste mundo misturado quem concorda consigo mesmo! Somos misturas incompletas, assustadoras incoerências, metades, três-quartos e quando muito nove-décimos.
(...)
O que chama-se vulgarmente personalidade é um complexo e não um completo. Uma personalidade concordante, milagre! Pra criar tais milagres o romance psicológico apareceu.”

Hermann Hesse - Demian

Publicado em 1919, o livro narra a vida de Emil Sinclair, jovem perturbardo por questões existencialistas que percebe a fragilidade da moral e da família durante suas indagações.

“ – As coisas que vemos – continuou Pistórius com uma voz mais velada – são as mesmas que temos dentro de nós. A única realidade que se contém dentro de nós, e se os homens vivem tão irrealmente é porque aceitam como realidade as imagens exteriores e sufocam em si a voz do mundo interior. Também se pode ser feliz assim; mas quando se chega a conhecer o outro, torna-se impossível seguir o caminho da maioria. O caminho da maioria é fácil, o nosso é penoso. Caminhemos.”

Hermann Hesse - Olobo da estepe

Considerado o melhor livro de Hermann Hesse - embora eu prefira o Demian - a obra é de 1927 e conta a história de Harry Haller, outsider de 50 anos, alcóolatra e intelectualizado. Dono de uma história angustiante, Haller - autodenominado "o lobo da estepe" não vê saída para sua inquietante vida.

"Espere, aqui está. Ouça: 'A maioria dos homens não quer nadar antes que o possa fazer! Não é engraçado? Naturalmente, não querem nadar. Nasceram para andar na terra e não para a água. E, naturalmente, não querem pensar! Isto mesmo! E quem pensa, quem faz do pensamento sua principal atividade, pode chegar muito longe com isso, mas sem dúvida estará confundindo a terra com a água e um dia morrerá afogado."

Clarice Lispector - Perto do coração selvagem

Fragmento do primeiro livro de uma das maiores escritoras brasileiras:
"Por que surgem em mim essas sedes estranhas? (...) Purificai-me um pouco e terei a massa desses seres que se guardam atrás da chuva. Nesse momento minha inspiração dói em todo o meu corpo. Mais um instante e ela precisará ser mais do que uma inspiração. E em vez dessa felicidade asfixiante, como um excesso de ar, sentirei nítida impotência de ser realmente uma estrela. Aonde leva a loucura, a loucura. No entanto é a verdade. (...) Mergulho e depois emerjo, como de nuvens das terras ainda não possíveis, ah ainda não possíveis. Daquelas que eu ainda não soube imaginar, mas que brotarão. Ando, deslizo, continuo, continuo... Sempre, sem parar, distraindo minha sede cansada de pausar num fim (...) Estou me enganando, preciso voltar. Não sinto loucura no desejo de morder as estrelas, mas ainda existe a terra. E porque a primeira verdade está na terra e no corpo.
Se o brilho das estrelas dói em mim, se é possível essa comunicação distante, é que alguma coisa quase semelhante a uma estrela trêmula dentro de mim. Eis-me de volta ao corpo. Voltar ao meu corpo. Quando me surpreendo ao fundo do espelho assusto-me. Mal posso acreditar que tenho limites, que sou recortada e definida. Sinto-me espalhada no ar, pensando dentro das criaturas, vivendo nas coisas além de mim mesma. Quando me surpreendo ao espelho não me assusto porque me ache feia ou bonita. É que me descubro de outra qualidade. Depois de não me ver há muito quase esqueço que sou humana, esqueço meu passado e sou com a mesma libertação de fim e de consciência quanto uma coisa apenas viva. (...) Possuir cada momento, ligar a consciência a eles, como pequenos filamentos quase imperceptíveis mas fortes. É a vida? Mesmo assim ela me escaparia. Outro modo de captá-la seria viver. Mas o sonho é mais completo que a realidade, esta me afoga na inconsciência. O que importa afinal: viver ou saber que se está vivendo? – Palavras muito puras, gotas de cristal. Sinto a forma brilhante e úmida debatendo-se dentro de mim. Mas onde está o que quero dizer, onde está o que devo dizer? Inspirai-me, eu tenho quase tudo; eu tenho o contorno à espera da essência; é isso? – O que deve fazer alguém que não sabe o que fazer de si? Utilizar-se como corpo e alma em proveito do corpo e da alma? Ou transformar sua força em força alheia? Ou esperar que de si mesma nasça, como uma conseqüência, a solução? Nada posso dizer ainda dentro de mim. Um dia, depois de falar enfim, ainda terei do que viver? Ou tudo o que eu falasse estaria aquém e além da vida? – Tudo o que é forma de vida procuro afastar. Tento isolar-me para encontrar a vida em si mesma. No entanto apoiei-me demais no jogo que distrai e consola e quando dele me afasto, encontro-me bruscamente sem amparo. No momento em que fecho a porta atrás de mim, instantaneamente me desprendo das coisas. Tudo o que foi distancia-se de mim, mergulhando surdamente nas minhas águas longínquas. Ouço-a, a queda. Alegre e plana espero por mim mesma, espero que lentamente me eleve e surja verdadeira diante dos meus olhos. Em vez de me obter com a fuga, vejo-me desamparada, solitária, jogada num cubículo sem dimensões, onde a luz e a sombra são fantasmas quietos. No meu interior encontro o silêncio procurado. Mas dele fico tão perdida de qualquer lembrança de algum ser humano e de mim mesma, que transformo essa impressão em certeza de solidão física. Se desse um grito – imagino já sem lucidez – minha voz receberia o eco igual e indiferente das paredes da terra. Sem viver coisas eu não encontrarei a vida, pois? (...) Presa, presa. Onde está a imaginação? Ando sobre trilhos invisíveis. Prisão, liberdade. São essas as palavras que me ocorrem. No entanto não são as verdadeiras, únicas e insubstituíveis, sinto-o. Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome. Procurar tranqüilamente admitir que talvez só encontre se for buscá-la nas fontes pequenas. Ou senão morrerei de sede. Talvez não tenha sido feita para as águas puras e largas, mas para as pequenas e de fácil acesso.

Dança e arte

Eles não são os primeiros nordetinos que vieram "tentar a vida" no Rio de Janeiro. Mas certamente são um dos únicos que matam a saudade de sua terra natal com muito gingado, batuque e ritmo. Rômulo e Ramon Costa nasceram em São Luís (MA) e foram conhecer a cidade maravilhosa a partir de um convite feito pela apresentadora Regina Cazé. Na época, ela apresentava o programa Brasil Legal e chamou os dois para participarem de uma gravação. O programa acabou...os anos se passaram... e hoje faz 13 anos que eles estão morando no Rio. Mas, só incorporaram o espírito carioca mesmo a sete anos, quando fundaram a companhia Mariocas, junção de maranhenses com cariocas. A Companhia surgiu justamente para matar as saudades de São Luís, na tentativa de dimunuir a distância entre Rio e Maranhão. Para isso, nada melhor do que se reunir com amigos -também maranhenses que moram no Rio- ao ritmo de muita dança. Maranhense, é claro. E foi assim que eles começaram a fazer apresentações de Tambor de Crioula e Cacuriá. As danças têm um ritmo animado e são embaladas por melodias que retratam, de uma maneira muito bem-humorada, as tradições maranhenses. Para dançar o Tambor de Crioula, uma grande roda é feita. Nela, mulheres com saias longas e coloridas dançam em círculos, fazendo movimentos que acompanham o batuque da música.Já os homens, mais precisamente três, tocam um tambor que é amarrado à cintura e aos pés e dão o ritmo da cantiga. Já o Cacuriá se dança em pares. E é com toda essa animação e alegria que os Mariocas mantem viva a cultura maranhense. Um exemplo de que a arte pode encurtar distâncias e aproximar sentimentos.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A arte e você

Qual é a sua história com a arte?

Este espaço é destinado para você, leitor(a), que também vê na arte uma válvula de escape da realidade. Escreva aqui o que quiser, sua história, casos, sua relação com a arte e o que você gosta de fazer... Este espaço é todo seu.




As autoras