terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Consumir de fora para dentro... - Amanda Vieira



Depois de mais um dia exaustivo de trabalho, me deparei com um casal no ônibus. A princípio, eu me indignei. Sou uma senhora de 75 anos e já não podia mais admitir nem me permitir certas coisas. Tentei não olhar, quis disfarçar, mas tudo me atraía para um mesmo ponto: o beijo ardente e molhado daqueles jovens. Não resisti mais e observei descaradamente o casal, sem ao menos poder fingir ou desviar...

Ao mesmo tempo em que aquela situação me encabulava também me deixava feliz porque me fazia lembrar dos velhos tempos. Dos tempos que não voltam mais... De quando era menina e ainda descobria os encantos os encantos e nuances do amor... Muitos devem estar se perguntando "por quê"? Explico: fazia me lembrar das coisas que me corríam por dentro... Eram frutos da volúpia do desejo. Desejo de ser tomada, desejo de ser consumida de fora para dentro...

Centro da Cidade - Amanda Vieira



Sinto, sinto prédios antigos batizados pelo tempo
Vejo o vazio
O que mais resta?
Prédios abandonados no centro da cidade

Construções antigas

Provoca a estranheza
Cria o impasse com as novas gerações
Mas por que me identifico?

Centro, centro decadente
Esquece a sua história
Ignora o passado
Para construir o amanhã

Não se tem perspectiva
A naturez morta e fria das novas construções humanas
Se sobrepõe aquilo que nos é dado por essencial...

Razão, o que queres de mim? - Amanda Vieira

Pediu-me controle e que tivesse cuidado naquilo que fazia. Recomendava-me: "Seja prudente e não te arrependerás" e assim procedi, esperando ser recompensado com um futuro promissor. Dizia-me: "Não te sintas tentado com as falsas promessas que o Amor te faz, pois ele não irá te guardar na hora que planejarás tua vida e a bela carreira que poderás ter. Poderás te desvirtuar de teus objetivos. Não te iludas". O tempo passou. Consegui o sucesso profissional, mas... para que? Para quem?

Matei dolorosamente todas as minhas esperanças, os meus desejos, afastei-me de qualquer relação de ordem afetiva que pudesse representar uma mudança brusca no meu estado emocional. Não queria atrapalhar meu rendimento. Tornei-me um ser rígido. Subjulguei os meus sentidos. Hoje estou só. A única lembrança que tenho do meu momento de maior fluidez foi a aproximação do ser amado do qual fugi para não ser envolvido pelos sentimentos. Rejeitei-o.

No instante, acreditei que assim o fiz para não me perder, seguindo tua recomendação à risca. Enganei-me. Fi-lo por medo. Medo de experimentar. Inabilidade em conciliar Amor e Razão. Bem e Mal... Ou será Mal e Bem? Não mais importa. Eu que sempre busquei o equilíbrio e o associava a idéia de ausência de sentimentos. Descobri que não só nunca o alcancei como também nunca poderia ter alcançado já que não assimilava esses dois referenciais.

Hoje sei que meu momento de maior certeza estava em saber aproveitar a incerteza do Amor. A experiência do descontrole traz maturidade emocional. A Razão não vive sem o seu elo oposto. Eles coexistem. E um pode ser entendido através do outro. Este sim, é um fator imprescindível. A experiência de tentar conciliá-los é que aproxima o homem de um ponto de equilíbrio. Razão, fui dar-te ouvidos e acabei por ignorar meus instintos primordiais. Tornei-me um ser incompleto... E agora, o que fazer? Do que e por que viver?

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Saiu no O Globo

Presas da Talavera Bruce têm em oficinas de música e percussão uma válvula de escape para a vida penitenciária.

Reportagem de Fernanda Baldioti - 25-11-2009

Confira em: Música para não dançar

Eugênio Tavares - A Força de Cretcheu

Ca tem nada na es bida
Mas grande que amor
Se Deus ca tem medida
Amor inda é maior.
Maior que mar, que céu
Mas, entre tudo cretcheu
De meu inda é maior

Cretcheu más sabe,
É quel que é di meu
Ele é que é tchabe
Que abrim nha céu.
Cretcheu más sabe
É quel qui crem
Ai sim perdel
Morte dja bem

Ó, força de chetcheu,
Que abrim nha asa em flôr,
Dixâm bá alcança céu
Pa'n bá odja Nós Senhor
Pa'n bá pedil semente
De amor cuma ês di meu
Pa'n bem dá tudo djente
Pa tudo bá conché céu.

http://www.eugeniotavares.org

Teatro & Arte


Maria nasceu no estado da Paraíba, na cidade de Desterro, do alto sertão nordestino. Em sua terra natal, nunca tinha tido contato com aparelhos eletrônicos, portanto, não sabia usar eletrodomésticos, como aspirador e cafeteira. Filha mais velha, recebia a tarefa de cuidar da casa. Trabalhava desde os quatro anos de idade. Saiu de casa motivada por um desentendimento com o pai que lhe disse: "Vai com Deus". Nunca esqueceu a fala do pai. Tinha apenas oito anos na época. Apesar de não ter tido a oportunidade de freqüentar uma escola, Maria afirma que os pais lhe deram as bases de sua educação pois ela e os irmãos sabiam falar e respeitar os outros.

Em função da seca, viva uma condição de pobreza muito grande. Uma tia que morava no Rio de Janeiro deu dinheiro para ela viajar até a capital carioca. Na época, Maria tinha 22 anos. A tia morava com os filhos em uma favela em Bonsucesso. No primeiro trabalho no Rio, suportou o assédio sexual do patrão. Ao comentr o caso com a irmã, esta afirmou que aquilo não passava de um teste. Pediu demissão. Já a outra patroa que teve, a ensinou muito, mas também a explorou bastante. Ela não esqueceu as coisas boas e ruins que aconteceram ao longo da sua vida. Por isso, guardou o comentário de uma de suas patroas que lhe disse: "O que alguém que trabalha em serviço doméstico vai aprender na escola? A única coisa que essas moças que querem estudar vão aprender é coisa que não presta..."

Em razão desses acontecimentos, desenvolveu um complexo de inferioridade que só foi superado pelo apoio e incentivo que recebeu da irmã, que morava em Salvador. O complexo vinha, sobretudo, porque não sabia ler e escrever. Isto lhe desestimulava, lhe tirava a coragem de querer alguma coisa melhor na vida. No entanto, a maioria das escolas que procurou só aceitava pessoas com a idade dela alfabetizadas. Tratava muito mal os alunos os alunos que tinham dificuldade de aprender. Entretanto, no Colégio Nossa Senhora do Líbano, a professora teve paciência e conseguiu ensiná-la a ler e escrever, além de etiqueta. Em 1997, aos 44 anos teve contato com o Teatro do Oprimido na escola que estudava.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

“Minhas palavras não me animam, elas me aliviam”

Há quem diga que nada melhor do que momentos felizes e alegres para curar um amor que não deu certo. Mas, Yami Ykarus (Yami significa ‘negro’ ou ‘trevas’ em japonês e Ikarus é uma ‘melhora’ do seu nome de batismo, Ícaro) instiga a ferida. Desde que terminou um namoro que tinha “absolutamente tudo” para dar certo escreve histórias tristes e melancólicas em seu “http://fanfiction.nyah.com.br/historia/46433/Lamentos_De_Um_Bardo">Lamentos de um Bardo”. Os textos, que tendem ao ultra-romantismo, são tão sombrios que mesmo quando são felizes soam melancólicos.
O objetivo não é deixar a dor consumir sua carne, mas justo o contrário. Toda a tristeza que ele deveria sentir – ou de fato sentiu – está contida nas histórias: “Toda a depressão que não tive está registrada naquelas palavras”. Por isso, se sente aliviado quando habita suas fantasias: “é como um desabafo, só que, no caso, estou desabafando com o meu caderno. Minhas palavras não me animam, elas me aliviam. Sempre que estou triste transfiro minha tristeza para as palavras.”
Transportar-se para a realidade fantasiosa das palavras é sua válvula de escape. As histórias são uma forma de atingir indiretamente (ou nem sempre apenas de forma indireta) as pessoas-alvo. “Tudo que ocorre na ‘outra realidade’ é o que realmente acontece comigo”, adverte.
Ícaro não se considera feliz, mas tem buscado a felicidade. “Estou cortando a tristeza de minha vida e jogando-a em meus textos. Creio que em pouco tempo o “Lamentos de um Bardo” poderá tomar um rumo mais feliz, já que estou cada vez mais próximo da felicidade”. Paixão nova à vista. Porém, ele se revela mais cauteloso e cita uma frase de sua ex-namorada: “Não vou construir um mundo em cima de pequenas coisas”.

Arte e recuperação


Alguns médicos dizem que nos momentos mais tristes de nossas vidas nosso potencial criativo aumenta consideravelmente. Grandes gênios como Mozart e Beethoven compuseram suas obras mais famosas em momentos de extrema depressão.

O caso de Nadja Goulart não é diferente. 59 anos, casada, mãe de duas filhas, formada em geografia há 33 anos, Nadja sempre gostou de sair para passear, bater papo e dar aulas. Tinha problemas sim, como todo mundo, mas nada tão grave a ponto de desmotivá-la. Até que de repente, ela se viu em um estado de extrema tristeza, sem vontade de fazer absolutamente nada: “Tinha dias que não queria nem levantar da cama”, afirma. Não conseguia nem fazer uma das atividades que mais gostava “Lecionar tinha ser tornado um peso muito grande para mim. Era uma tarefa estressante”, confessa. Chegou a tal ponto que sacudiu um aluno pelos ombros só porque ele estava rindo no meio da aula.

Nadja percebeu que não tinha mais condições de dar aulas. No entanto, seria preciso que uma junta médica também verificasse isso e assinasse um comprovante autorizando a sua transferência para outra função dentro da escola: “Falei para o psicólogo que se ele não assinasse, eu ia jogar um aluno pela janela.”, revela. Seu estado emocional era grave. Suava frio, tremia, só de se imaginar entrando numa sala de aula.

Nadja procurou um tratamento. O diagnóstico não podia ser diferente: depressão. Para implementar o tratamento, a psicóloga sugeriu que fizesse alguma atividade que lhe fosse prazerosa: “Você não gosta de teatro, pintura ou artesanato?” Foi aí que Nadja conheceu o curso de reciclagem, no Parque das Águas, em Niterói (RJ). “Gostei logo de cara. Fiz novas amizades, conversava, me distraía... voltava para casa bem melhor.”

O curso durou só um mês, mas ela procurou outros para fazer em seguida. E, hoje, faz um curso de artesanato no Centro de Convivência da Prefeitura de Niterói, em Santa Rosa. Ela garante que melhorou muito fazendo estes artesanatos: “Faço para me distrair. Me sinto mais leve, tranquila, calma, esqueço de todos os meus problemas.” E, de quebra, aprende a fazer artesanatos belíssimos! Sandálias, carteiras, bolsinhas, caixas de presentes, enfeites... tudo com material reciclável. “Me sinto a Nadja de antes, sem nenhuma depressão.” Um exemplo de como a arte também pode ser um remédio infalível.

domingo, 29 de novembro de 2009

Arte e Diversidade Popular nos Mosaicos da Lapa

Em fevereiro de 2009, alunos da ONG Cinema Nosso produziram um curta-documentário retratando o universo artístico e cultural do famoso bairro da boemia carioca. Tendo como foco a arte da Escadaria do Convento de Santa Teresa, feita pelo chileno Jorge Selarón, o documentário faz uma ponte entre a diversidade de frequentadores da Lapa e os degraus ladrilhados da Rua Manuel Carneiro. Do povo para o povo, arte, história e cultura.
Direção e Roteiro: Ana Leticia Ribeiro e Mariana Lins. Câmera: Fagner Mota e Reginaldo Cerqueira. Som Direto: Pedro Amaro. Edição: Eliesér Jairo.

Confira:

Ler devia ser proibido

A loucura do mundo

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Norbert Elias - Mozart - Sociologia de um gênio

Médico com uma brilhante escrita, Norbert Elias traçou um perfil sociológico que permite entender a genialidade de Mozart. A música era tão vital na vida do artista, que Elias cita uma fala reveladora sobre o sofrimento e angústia por que passou o músico:

“Pouco antes de morrer, quando sua situação já era desesperadora, escreve: ‘Ainda estou trabalhando, porque sinto que compor me cansa menos do que descansar.”

Mário de Andrade - Amar, verbo intransitivo

Com sua escrita considerada "errada" pelos mais puritanos, Amar, verbo intransitivo é um dos livros mais líricos que já li. A obra narra a história de Fräulein Elza, mulher madura que se encarrega de ensinar as "coisas do amor" aos mais jovens.

“Segunda e mais forte razão: Afirmarem que Fraülein não concorda consigo mesma... Mas eu só queria saber neste mundo misturado quem concorda consigo mesmo! Somos misturas incompletas, assustadoras incoerências, metades, três-quartos e quando muito nove-décimos.
(...)
O que chama-se vulgarmente personalidade é um complexo e não um completo. Uma personalidade concordante, milagre! Pra criar tais milagres o romance psicológico apareceu.”

Hermann Hesse - Demian

Publicado em 1919, o livro narra a vida de Emil Sinclair, jovem perturbardo por questões existencialistas que percebe a fragilidade da moral e da família durante suas indagações.

“ – As coisas que vemos – continuou Pistórius com uma voz mais velada – são as mesmas que temos dentro de nós. A única realidade que se contém dentro de nós, e se os homens vivem tão irrealmente é porque aceitam como realidade as imagens exteriores e sufocam em si a voz do mundo interior. Também se pode ser feliz assim; mas quando se chega a conhecer o outro, torna-se impossível seguir o caminho da maioria. O caminho da maioria é fácil, o nosso é penoso. Caminhemos.”

Hermann Hesse - Olobo da estepe

Considerado o melhor livro de Hermann Hesse - embora eu prefira o Demian - a obra é de 1927 e conta a história de Harry Haller, outsider de 50 anos, alcóolatra e intelectualizado. Dono de uma história angustiante, Haller - autodenominado "o lobo da estepe" não vê saída para sua inquietante vida.

"Espere, aqui está. Ouça: 'A maioria dos homens não quer nadar antes que o possa fazer! Não é engraçado? Naturalmente, não querem nadar. Nasceram para andar na terra e não para a água. E, naturalmente, não querem pensar! Isto mesmo! E quem pensa, quem faz do pensamento sua principal atividade, pode chegar muito longe com isso, mas sem dúvida estará confundindo a terra com a água e um dia morrerá afogado."

Clarice Lispector - Perto do coração selvagem

Fragmento do primeiro livro de uma das maiores escritoras brasileiras:
"Por que surgem em mim essas sedes estranhas? (...) Purificai-me um pouco e terei a massa desses seres que se guardam atrás da chuva. Nesse momento minha inspiração dói em todo o meu corpo. Mais um instante e ela precisará ser mais do que uma inspiração. E em vez dessa felicidade asfixiante, como um excesso de ar, sentirei nítida impotência de ser realmente uma estrela. Aonde leva a loucura, a loucura. No entanto é a verdade. (...) Mergulho e depois emerjo, como de nuvens das terras ainda não possíveis, ah ainda não possíveis. Daquelas que eu ainda não soube imaginar, mas que brotarão. Ando, deslizo, continuo, continuo... Sempre, sem parar, distraindo minha sede cansada de pausar num fim (...) Estou me enganando, preciso voltar. Não sinto loucura no desejo de morder as estrelas, mas ainda existe a terra. E porque a primeira verdade está na terra e no corpo.
Se o brilho das estrelas dói em mim, se é possível essa comunicação distante, é que alguma coisa quase semelhante a uma estrela trêmula dentro de mim. Eis-me de volta ao corpo. Voltar ao meu corpo. Quando me surpreendo ao fundo do espelho assusto-me. Mal posso acreditar que tenho limites, que sou recortada e definida. Sinto-me espalhada no ar, pensando dentro das criaturas, vivendo nas coisas além de mim mesma. Quando me surpreendo ao espelho não me assusto porque me ache feia ou bonita. É que me descubro de outra qualidade. Depois de não me ver há muito quase esqueço que sou humana, esqueço meu passado e sou com a mesma libertação de fim e de consciência quanto uma coisa apenas viva. (...) Possuir cada momento, ligar a consciência a eles, como pequenos filamentos quase imperceptíveis mas fortes. É a vida? Mesmo assim ela me escaparia. Outro modo de captá-la seria viver. Mas o sonho é mais completo que a realidade, esta me afoga na inconsciência. O que importa afinal: viver ou saber que se está vivendo? – Palavras muito puras, gotas de cristal. Sinto a forma brilhante e úmida debatendo-se dentro de mim. Mas onde está o que quero dizer, onde está o que devo dizer? Inspirai-me, eu tenho quase tudo; eu tenho o contorno à espera da essência; é isso? – O que deve fazer alguém que não sabe o que fazer de si? Utilizar-se como corpo e alma em proveito do corpo e da alma? Ou transformar sua força em força alheia? Ou esperar que de si mesma nasça, como uma conseqüência, a solução? Nada posso dizer ainda dentro de mim. Um dia, depois de falar enfim, ainda terei do que viver? Ou tudo o que eu falasse estaria aquém e além da vida? – Tudo o que é forma de vida procuro afastar. Tento isolar-me para encontrar a vida em si mesma. No entanto apoiei-me demais no jogo que distrai e consola e quando dele me afasto, encontro-me bruscamente sem amparo. No momento em que fecho a porta atrás de mim, instantaneamente me desprendo das coisas. Tudo o que foi distancia-se de mim, mergulhando surdamente nas minhas águas longínquas. Ouço-a, a queda. Alegre e plana espero por mim mesma, espero que lentamente me eleve e surja verdadeira diante dos meus olhos. Em vez de me obter com a fuga, vejo-me desamparada, solitária, jogada num cubículo sem dimensões, onde a luz e a sombra são fantasmas quietos. No meu interior encontro o silêncio procurado. Mas dele fico tão perdida de qualquer lembrança de algum ser humano e de mim mesma, que transformo essa impressão em certeza de solidão física. Se desse um grito – imagino já sem lucidez – minha voz receberia o eco igual e indiferente das paredes da terra. Sem viver coisas eu não encontrarei a vida, pois? (...) Presa, presa. Onde está a imaginação? Ando sobre trilhos invisíveis. Prisão, liberdade. São essas as palavras que me ocorrem. No entanto não são as verdadeiras, únicas e insubstituíveis, sinto-o. Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome. Procurar tranqüilamente admitir que talvez só encontre se for buscá-la nas fontes pequenas. Ou senão morrerei de sede. Talvez não tenha sido feita para as águas puras e largas, mas para as pequenas e de fácil acesso.

Dança e arte

Eles não são os primeiros nordetinos que vieram "tentar a vida" no Rio de Janeiro. Mas certamente são um dos únicos que matam a saudade de sua terra natal com muito gingado, batuque e ritmo. Rômulo e Ramon Costa nasceram em São Luís (MA) e foram conhecer a cidade maravilhosa a partir de um convite feito pela apresentadora Regina Cazé. Na época, ela apresentava o programa Brasil Legal e chamou os dois para participarem de uma gravação. O programa acabou...os anos se passaram... e hoje faz 13 anos que eles estão morando no Rio. Mas, só incorporaram o espírito carioca mesmo a sete anos, quando fundaram a companhia Mariocas, junção de maranhenses com cariocas. A Companhia surgiu justamente para matar as saudades de São Luís, na tentativa de dimunuir a distância entre Rio e Maranhão. Para isso, nada melhor do que se reunir com amigos -também maranhenses que moram no Rio- ao ritmo de muita dança. Maranhense, é claro. E foi assim que eles começaram a fazer apresentações de Tambor de Crioula e Cacuriá. As danças têm um ritmo animado e são embaladas por melodias que retratam, de uma maneira muito bem-humorada, as tradições maranhenses. Para dançar o Tambor de Crioula, uma grande roda é feita. Nela, mulheres com saias longas e coloridas dançam em círculos, fazendo movimentos que acompanham o batuque da música.Já os homens, mais precisamente três, tocam um tambor que é amarrado à cintura e aos pés e dão o ritmo da cantiga. Já o Cacuriá se dança em pares. E é com toda essa animação e alegria que os Mariocas mantem viva a cultura maranhense. Um exemplo de que a arte pode encurtar distâncias e aproximar sentimentos.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A arte e você

Qual é a sua história com a arte?

Este espaço é destinado para você, leitor(a), que também vê na arte uma válvula de escape da realidade. Escreva aqui o que quiser, sua história, casos, sua relação com a arte e o que você gosta de fazer... Este espaço é todo seu.




As autoras